sexta-feira, fevereiro 16, 2007

A oportunidade de Sócrates para se reconciliar com o Não

A esquerda à esquerda de Sócrates (não sei se é assim tanta) deu-lhe este presente.

Tem ele a oportunidade de aparecer como moderado, equilibrado, tolerante, recolhendo o que considera ser o melhor de dois lados.

Esta (o)posição é criticável pelo menos a dois títulos:

. a título de estratégia política porque é desastrado dar a Sócrates esta benesse (a menos que ela seja intencional, o que, claro está, seria ainda mais criticável: quando queremos ver teatro compramos bilhete, não vamos para a AR);

. a título de combate ao aborto porque esta esquerda também passou a vida a dizer que
.....................era contra o aborto
.....................queria tornar o aborto raro

agora vem dizer que o aconselhamento:
é “um meio de condicionamento da decisão" - mas pensava que a ideia era condicionar a decisão - permiti-la mas combater o aborto...

“Não passa de uma manobra para impor, mais uma vez, a moral particular de alguns" - mas afinal não eramos todos contra o aborto? O aborto não era sempre um mal?

Mas a melhor pérola de todas vai para Heloísa Marins. Diz que o aconselhamento “não pode ser mais do que a informação de que a mulher carece para levar a efeito da forma mais segura o aborto”. Ou seja, no caso do aborto químico: "tome isto com um copo de água" chega. Nos restantes métodos chega "deite-se aqui nesta maca e esteja quietinha" (pensando bem a parte do esteja quietinha pode estar a mais, não vá dar-se o caso de se tratar da imposição de uma moral minoritária...)