A noite escura de Teresa
Li recentemente a reportagem TIME traduzida na Visão sobre Come be my light, um livro que fala da noite escura de Madre Teresa de Calcutá, que durante um longo período da sua vida não terá sentido a presença de Deus.
Mais tarde li uma entrevista do Pe responsável pela colecção de cartas que constituem o livro e ainda um comentário sobre aquela reportagem, ambos através do ZENIT.
Ficam algumas considerações.
Em primeiro lugar, muito me estranha a publicação de cartas escritas por quem quer que seja aos seus confessores com expressa solicitação de que fossem destruídas.
Dúvidas sobre até que ponto a vertigem da verdade pode pôr em causa valores como a confiança e a intimidade.
Em segundo lugar, para dizer que, efectivamente, não me espanta esta noite escura. Esta sede é ainda uma manifestação da presença de Deus. Só quem O sentiu e conhece pode sentir-lhe a falta de forma tão patente. E o silêncio frutifica.
E frutificou, efectivamente, em Teresa de Calcutá: uma vida de fidelidade, de encontro, de dedicação. E essa é mais uma prova da extraordinária mulher que ela era e da forma perene como foi tocada por Deus.
Lembro-me, depois da minha primeira forte experiência de Deus, feita em retiro de silêncio (fim-de-semana) de me terem dito "Está vivo, hein?" A minha resposta à Núria, a freira que orientara o retiro e a quem sempre estarei grato por tanta dedicação, foi: "A partir de agora posso ter crises na fé, mas é impossível ter crises de fé."
Mais tarde fiz um retiro um pouco mais extenso: uma semana. Durante todo o retiro procurei Deus sem o encontrar. Trabalhei a oração de todas as maneiras que conhecia: rezei, fiz silêncio, segui a leitura, fiz perguntas, enfim, apliquei-me em reencontrar Deus como eu o queria encontrar. Tudo o que tive foi silêncio. No último dia. Na última oração, pediram-nos que fizéssemos um resumo daquilo que tínhamos aprendido com aquele retiro. Fiquei aterrado com a ideia porque pensei que não tinha nada. Pouco depois começámos a falar, um por um. Um deixei-me ficar mais para o fim, porque tinha tão pouco para dizer. Quando finalmente chegou a minha vez partilhei o que tinha. Quando dei por mim tinha falado mais que todos os outros. Tinha aprendido muito, muito mais do que esperava, muito mais do que podia esperar.
É assim que eu vejo a Madre Teresa. Imaginar que aquela mulher frontal viveu uma mentira é pura fantasia. Ela sabia muito bem as razões da sua esperança. Mesmo que não as sentisse, mesmo que ansiasse senti-las, a sua procura e o sentido que deu à sua vida não são um acaso, nem um capricho nem uma fantasia. São um sinal. De Deus, pois claro.
Mais tarde li uma entrevista do Pe responsável pela colecção de cartas que constituem o livro e ainda um comentário sobre aquela reportagem, ambos através do ZENIT.
Ficam algumas considerações.
Em primeiro lugar, muito me estranha a publicação de cartas escritas por quem quer que seja aos seus confessores com expressa solicitação de que fossem destruídas.
Dúvidas sobre até que ponto a vertigem da verdade pode pôr em causa valores como a confiança e a intimidade.
Em segundo lugar, para dizer que, efectivamente, não me espanta esta noite escura. Esta sede é ainda uma manifestação da presença de Deus. Só quem O sentiu e conhece pode sentir-lhe a falta de forma tão patente. E o silêncio frutifica.
E frutificou, efectivamente, em Teresa de Calcutá: uma vida de fidelidade, de encontro, de dedicação. E essa é mais uma prova da extraordinária mulher que ela era e da forma perene como foi tocada por Deus.
Lembro-me, depois da minha primeira forte experiência de Deus, feita em retiro de silêncio (fim-de-semana) de me terem dito "Está vivo, hein?" A minha resposta à Núria, a freira que orientara o retiro e a quem sempre estarei grato por tanta dedicação, foi: "A partir de agora posso ter crises na fé, mas é impossível ter crises de fé."
Mais tarde fiz um retiro um pouco mais extenso: uma semana. Durante todo o retiro procurei Deus sem o encontrar. Trabalhei a oração de todas as maneiras que conhecia: rezei, fiz silêncio, segui a leitura, fiz perguntas, enfim, apliquei-me em reencontrar Deus como eu o queria encontrar. Tudo o que tive foi silêncio. No último dia. Na última oração, pediram-nos que fizéssemos um resumo daquilo que tínhamos aprendido com aquele retiro. Fiquei aterrado com a ideia porque pensei que não tinha nada. Pouco depois começámos a falar, um por um. Um deixei-me ficar mais para o fim, porque tinha tão pouco para dizer. Quando finalmente chegou a minha vez partilhei o que tinha. Quando dei por mim tinha falado mais que todos os outros. Tinha aprendido muito, muito mais do que esperava, muito mais do que podia esperar.
É assim que eu vejo a Madre Teresa. Imaginar que aquela mulher frontal viveu uma mentira é pura fantasia. Ela sabia muito bem as razões da sua esperança. Mesmo que não as sentisse, mesmo que ansiasse senti-las, a sua procura e o sentido que deu à sua vida não são um acaso, nem um capricho nem uma fantasia. São um sinal. De Deus, pois claro.
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